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terça-feira, 18 de maio de 2010

Defesa de direitos humanos não são "simples opinião"


Defesa de direitos humanos não são "simples opinião"

A Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRPASO) e o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB) vêm a público posicionar-se criticamente em relação ao texto publicado do jornal Diário de Pernambuco, dia 15 de maio, na coluna “Graça & Paz” por Angelo Manasses, intitulada “Heterofobia”.
Consideramos absurdas declarações como as expressas neste texto, que buscam sustentar a homofobia como uma “simples opinião” e como se combater e criminalizar posturas homofóbicas significasse cercear a liberdade de expressão dos seus autores. Muito menos, sustenta-se sua tese de que caracterizar a homofobia como crime seria, no fundo, impedir religiosos de criticar relacionamentos homoafetivos. A leitura enviesada revela uma absurda distorção e profundo desconhecimento do colunista em relação à realidade da população não-heterossexual, marcada por graves violências em diversos espaços (públicos e privados) da vida em sociedade.
Baseados em sua tese, poderiam ser aceitos como apenas expressando uma “simples opinião”: alguém (religioso ou não) que defendesse o extermínio de determinadas populações (judeus ou indígenas, por exemplo), ou alguém que discriminasse pessoas por seu pertencimento racial, ou ainda que defendesse a extinção da pobreza exterminando os pobres.
Em sua posição, o senhor revela total desconhecimento de estudos científicos e de estatísticas de violência homofóbica em nosso país. V.Sa. se refere a uma espécie de discriminação às avessas, quando ousa comparar a homofobia com uma espécie de “heterofobia”. Desconhece que a homofobia vem sendo sustentada por leis que não reconhecem e impedem a livre união entre pessoas do mesmo sexo; desconhece meios de comunicação que, em linhas gerais, inscrevem a homossexualidade no campo do humor e ridicularizam- na, e demonstra não ter o mínimo conhecimento de vários outros dispositivos dessa sociedade que insistem em não reconhecer plenamente princípios fundamentais de ética e direitos humanos.
Não há oposição entre heterossexuais e homossexuais como vossos escritos buscam mostrar, mas há sim oposição entre os que insistem em não reconhecer setores da sociedade que são violentamente discriminados esquivando-se do diálogo, e os que desejam que as diferentes maneiras de viver sejam respeitadas.

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